26 de outubro de 2009

Criança mimada denuncia preguiça dos pais.



















Falta de educação surge porque os adultos deixam de impor limites


Você já deve ter visto ou vivenciado a seguinte cena: no supermercado, uma criança se debate no chão, chora, berra, enquanto a mãe, em geral, costuma ficar bastante envergonhada com todos os olhares que se voltam para ela e para aquele pequeno ser tão sonoro, cuja vontade não foi prontamente atendida. O comportamento é típico de filhos mimados, encarados como um problemão. Mas como fazer para evitá-los? Boa parte da origem - e da solução - está nas mãos dos próprios pais.

O fato de um pai, uma mãe (ou ambos) mimar os filhos passa por diversos fatores e vai desde a superproteção até uma certa negligência. "Em vez de impor os limites e gastar energia discutindo com a criança, a saída mais fácil é atender seus desejos", diz a psicóloga Patrícia Spada, da Universidade Federal de São Paulo(Unifesp).

Outras questões que resultam na criança mimada incluem: a mãe com um alto nível de ansiedade, ou seja, com medo de que aconteça algo muito ruim para o filho; pais que demoraram muito para engravidar, e quando vem o bebê ele é tratado como um bibelô (algo frágil, que corre o risco de quebrar a qualquer instante) e a rivalidade entre o casal, levando-os a disputar o amor do filho mimando-o. O que também pesa é a imaturidade dos adultos por achar que uma criança bem amada é aquela que vai ter tudo que os pais não tiveram e um pouco mais, entre outros motivos.

Os efeitos do mimo
O mimo é a não colocação de limites claros e passar a atender a todos os desejos do filho, antecipar-se para que ele não se frustre, protegê-lo dos sofrimentos naturais e inerentes à vida. "São atitudes familiares que podem induzir a criança a ter um comportamento de risco não só na adolescência, mas ainda quando for uma criança maior", alerta a psicóloga Patrícia Spada.

Pais de filhos mimados tendem a ser super indulgentes e procuram até adivinhar qual deverá ser o próximo desejo da criança. Quando crescer, as chances dessa criança em não respeitar regras são enormes. Afinal de contas, ela foi criada como uma pequena "dona do mundo" - tudo que deseja ela tem, tudo que quer ela consegue.

"No futuro, eles podem desenvolver até um comportamento delinquente, quando muitas vezes se tornam líderes do grupo (pois foram tratados como autoridade ou realeza a vida toda), maltratando, prejudicando ou, no mínimo, desprezando os outros que não concordam com seu jeito de pensar e agir", ressalta Patrícia.

A Influência começa cedo
Desde o seu nascimento, o bebê está suscetível ao temperamento, às vivências positivas e negativas dos pais, aos modelos afetivos que eles tiveram, entre outros fatores que irão, certamente, influenciar e interferir no relacionamento pais e filhos.

Algumas atitudes dos pais podem, de fato, atrapalhar o desenvolvimento global adequado do filho, tais como: superproteção ou quando o contato com o filho é mantido de modo intenso e contínuo, seja dormindo com eles, amamenta-os durante bem mais tempo do que o recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (é essencial até o sexto mês de vida) e, principalmente, limitando o contato da criança com outras pessoas, ou com outros bebês.

De acordo com a especialista Patrícia Spada, são hábitos que impedirão o início da percepção do bebê de que o mundo não é somente a mãe ou o pai, mas está repleto de outros interesses - fato que pode deixar os pais bastante ameaçados em relação à perda do afeto do filho.

Outra atitude dos pais, frequentemente relacionada a abandono, mas disfarçada por comportamentos de total liberação, é a super permissividade, que consiste em fazer tudo o que o filho deseja, sem nunca colocar limites e nem posicioná-lo, explicando motivos de não poder fazer determinada coisa.

"No caso de bebês, uma situação que demonstra isto é quando os pais se adiantam aos desejos do filho, e prontamente tentam satisfazê-lo, não raramente, em relação à alimentação. Assim, a criança chora ou faz menção de reclamar e os pais, imediatamente, lhe dão comida, sem nem lhe dar a chance de perceber e sentir se está mesmo com fome ou não e conhecer seu ponto de saciedade", alerta Patrícia.

O poder do "Não"

É por volta dos dois anos de idade que a criança aprende a falar "Não". É uma descoberta natural, mas que por desconhecimento, os pais a enfrentam com receio de perder a autoridade e gera-se um círculo vicioso: a criança tenta se apossar de seus desejos e palavras recém-descobertas a fim de desenvolver seu mundo mental próprio ou sua identidade e, do outro lado, os pais temerosos não aceitam e muito menos compreendem esta fase e preferem eles dizer o "Não" a ficarem com a palavra final. É aí que começam os ataques dos pequenos. "A criança passa a ter verdadeiros ataques coléricos para se afirmar, cujo limite para a birra é uma tênue e frágil linha", acrescenta a especialista da Unifesp.

A idade crítica

Quando os pais não têm suas próprias questões emocionais bem elaboradas, é mais fácil que elas se confundam com as emoções do filho e, dessa forma, projetem nele seus desejos não realizados e suas frustrações. Por essa ótica, toda e qualquer idade é uma idade de risco para deseducar os filhos. "Cada uma das fases da vida exige dos pais atitudes firmes, afetuosas, e limites bem colocados evitando - ao máximo futuros transtornos de comportamento", alerta Spada.

O comportamento dos pais de não imporem limites para se livrarem do problema é uma situação mais comum do que se pensa. Em geral, os pais permitem que o filho faça tudo o que quiser com a condição de não incomodá-los. "É o que chamamos de superpermissividade e uma das consequências é a indisciplina da criança , diz a especialista.

Tem cura!
A reeducação sempre é possível, contanto que os pais realmente a desejem e estejam dispostos a arcar com as consequencias inevitáveis em função da mudança de atitudes, bem como com a resistência do filho em perder o trono (falso e prejudicial) no qual sempre viveu.

Geralmente, a escola chama os pais para orientá-los a procurar ajuda profissional, pois é no ambiente social do filho onde aparecem os desvios de conduta com mais frequencia. Outras vezes, os próprios pais percebem que tudo já está fora de controle e nem eles mesmos conseguem suportar mais tal situação. E é neste momento de coragem que podem procurar um profissional da área de psicologia para ajudar a criança a se desenvolver e aproveitar todas as suas potencialidades.

Confira abaixo as dicas da especialista Patrícia Spada para evitar a criança mimada em casa:
Quando a criança não aceita comer o que há na mesa e faz birra Resorver isto parte de uma boa comunicação da criança com os pais. O problema é que os lados não estão falando a mesma linguagem e, geralmente, há grande manipulação por parte da criança.

Há, de fato, o risco de a criança ficar sem comer, enfraquecida, vir a adoecer, e ela sente e percebe a insegurança e receio da mãe quanto a isso. Se a mãe não conseguir traduzir este clima emocional, será uma guerra de foice, pois ambos tenderão a mostrar ao outro quem é o mais forte e, é claro, a criança poderá estar em situação de risco.

Nestes casos, é indicado que a mãe converse muito com a criança, respeite-a em seu gosto alimentar, faça junto com ela alguns cardápios e insista, sem forçar, para que o filho experimente a comida, mas tenha a liberdade de escolher o que quer comer, mas contanto que coma algum dos ingredientes servidos.

Com o tempo, ele se sentindo respeitado como pessoa, sem ser forçado, sem sofrer violência (física ou psicológica), vai querer comer e passará a aceitar mais facilmente, em combinação com a mãe, o que quer que seja feito para se alimentarem.

Para que os filhos saibam reconhecer o valor material e o esforço dos pais para conquistá-las
Conversar sempre demonstrando sem cobrança o quanto é necessário para um adulto se esforçar para ter dinheiro; - Ajudar o filho a administrar sua mesada ( se a receber), deixando-o decidir pela forma que quer usá-la, mas também arcando com as consequências - quando a criança gastar tudo o que tiver. O adequado será que ela possa esperar e juntar o dinheiro todo novamente, aprendendo a esperar, a lidar com a frustração e reconhecer o amor dos pais por ele. - Não é saudável dar presentes para o filho o tempo todo.

É preciso que ele saiba a importância da economia regrada (e não exagerada), bem como a importância de os pais lhe pedirem opiniões sobre o que ele pensa que poderia ajudar para melhorar o orçamento da família.

Para que os filhos entendam o valor das amizades e a importância de compartilhar
Este é um valor que certamente começa em casa. Não é a mãe obrigando o filho a emprestar seu brinquedo favorito para o amiguinho que desenvolverá nele o sentimento de solidariedade ou de partilha. É natural que as crianças passem pela fase de não querer dividir nada do que é seu com nenhum amigo e, neste caso, é importante que a mãe e o pai respeitem e compreendam a posição e a emoção de seu filho e deixem que ele aprenda a lidar com as consequências de sua atitude.

Se os adultos estiverem emocionalmente bem, tranquilos e confiantes na educação que estão dando à criança, tudo não passará de mais uma fase conturbada e turbulenta, que quando acompanhada de perto pelos responsáveis pela criança, tende a se acalmar com o tempo.


Para evitar os ataques de choro e crises dos pequenos quando algo não sai como eles querem

Muitas vezes os ataques de choro e as crises não devem ser evitadas, justamente pela importância que a elas compete. Nenhum ser humano consegue tudo que quer na hora que quer e quando os pequenos percebem que eles também não são poderosos, - pois não só as coisas não são como querem como também não conseguem com que os pais atendam a seus desejos incondicionalmente - é o momento ideal para que devagar possam ir entrando em contato com a realidade e elaborar este sentimento de onipotência , tão natural e esperado nos filhos. É interessante salientar que, em geral, as crises de choro e de birra, muitas vezes, mais deixam os pais envergonhados - pela possível opinião dos outros (que nem se quer os conhece) de que não são bons pais, do que preocupados com a saúde emocional e mental ou desenvolvimento saudável do filho.

Fonte: Yahoo!

14 de outubro de 2009

O mês das crianças e o consumismo infantil



Superando até o período natalino, o Mês das Crianças é a época campeã de anúncios publicitários voltados diretamente ao público infantil. Normalmente concentrados entre os intervalos dos programas infantis, neste período eles podem ser assistidos a qualquer hora na tevê aberta. A publicidade se aproveita de um sistema de culpa e recompensa para estabelecer-se de maneira eficaz.

Culpa que existe na consciência de pais que não encontram maneiras de passar um tempo significativo com os filhos, por conta de rotinas atribuladas de trabalho. Diante dessa triste situação, a primeira saída que visualizam é uma permissividade altamente nociva, que não encontra meio termo entre o necessário e o supérfluo. Levados por esse sentimento acabam por tentar suprir a carência dos filhos com bens materiais.

As crianças, neste meio, acabam por absorver uma noção errada das relações pessoais, associando presentes e recompensas materiais a demonstrações de afeto. No topo desta construção torta temos o comércio, que, através da publicidade televisiva e do licenciamento de produtos estampados com os mais diversos personagens de desenhos animados, causa em seu público-alvo uma sensação de necessidade em adquirir o produto anunciado.

A idéia é ter tudo do seu personagem favorito, um incentivo para aumentar as notas na escola, um objeto pra fazer inveja nos amiguinhos… O que acaba também por estimular um tipo de competição não saudável para a idade (e, pra falar a verdade, em idade alguma). Começando pelos pais, não devemos buscar saídas fáceis para suprir a carência emocional dos nossos filhos, com grande risco de conseqüências desastrosas.

O melhor sempre foi encarar a realidade dos momentos escassos e procurar estabelecer uma relação de trocas afetivas saudável, já que a quantidade de tempo que passamos com nossos filhos não é diretamente proporcional à qualidade da relação que temos com eles. Feito isto, vem o trabalho mais difícil: desconstruir a idéia que a criança adquiriu, dos próprios pais e de outros em seu círculo de convivência, sobre a validade de trocas afetivas mediadas por bens materiais.

Para tanto, necessitamos tanto pais quanto educadores, estar atentos a tudo que a criança tem acesso e que contribui para tais atividades consumistas. Começando por diminuir o seu tempo em frente à tevê e incentivando, por exemplo, a prática de esportes e a interação com outros da sua idade. E mantendo desde cedo conversas eficazes, que sempre estarão permeadas por perguntas do tipo – Por que você quer isso? Você realmente precisa disto? Assim daremos passos essenciais para a formação de pessoas que não construirão sua personalidade baseadas naquilo que consomem, e que tampouco responderão de maneira automática a estímulos d
e compra, educadas para um consumo sempre consciente das suas necessidades reais.

Por Gerusa Silva

Apoiada totalmente, acho que mais importante que o presente (não tirando os créditos do presente, pois ele também tem sua parcela de importância) seria a presença dos pais ao lado da criança. E para simbolizar essa publicidade coloquei o vídeo do PA, PÈ, PIO das lojas Casa Pio que já está há anos com o mesmo jingle e não perde sua eficácia.

13 de outubro de 2009

Feliz Dia das Crianças.














"A melhor maneira de tornar as crianças boas, é torná-las felizes."
(Oscar Wilde)


Dia das Crianças no Brasil

A criação do Dia das Crianças no Brasil foi sugerido pelo deputado federal Galdino do Valle Filho na década de 1920.Arthur Bernardes, então presidente do Brasil, aprovou por meio do decreto de nº 4867, no dia 5 de novembro de 1924, a data de 12 de outubro como o dia dos pequenos.

O Dia das Crianças só passou a ser comemorado mesmo em 1960, quando a fábrica de brinquedos Estrela fez uma promoção junto com a empresa Johnson & Johnson para lançar a "Semana do Bebê Robusto" e aumentar suas vendas.A idéia das duas empresas deram tão certo que outros comerciantes resolveram adotar a mesma estratégia. E assim, dia 12 de outubro é dia de criança ganhar presente!

E é por isso, por querer ganhar "apenas" brinquedos que as crianças de Fortaleza saíram às ruas com suas flanelas a mão para limpar vidros de carro com a esperança de ganhar algo. Esquece-se das brincadeiras, da criatividade de fazer algo diferente para driblar a falta de recursos, do carinho, do amor. O importante é fazer uma criança feliz, proporcionando tudo o que lhe é de direito. Não nego a importância de um brinquedo para uma criança, mas não fazer dela algo maior que tudo.


8 de outubro de 2009

Ministério Público condena vilã mirim em Viver a Vida


A vilã mirim Rafaela, interpretada pela menina Klara Castanho, de apenas oito anos, pode ser afastada da novela "Viver a Vida" (TV Globo). O Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro enviou uma notificação ao autor Manoel Carlos, recomendando que a personagem seja repensada, ou novas ações na Justiça poderão ser tomadas.

Na história, Rafaela é filha de Dora, personagem da atriz Giovanna Antonelli. Não é a primeira vez que o autor tem problemas com a Justiça por conta de atores menores de idade em suas tramas. Em 2000, um juiz proibiu que crianças atuassem em "Laços de Família" por considerar que a novela contava com muitas cenas de sexo e violência.

No caso da personagem de "Viver a Vida", as procuradoras Maria Vitória Sussekind Rocha e Danielle Cramer avaliam que "nem todas as manifestações artísticas são passíveis de serem exercidas por crianças e adolescentes". "O trabalho infantil artístico deve ser comedido, observando não só os aspectos legais, mas principalmente eventuais reflexos que determinado personagem pode provocar no desenvolvimento da criança", afirmam na notificação.

Para as procuradoras, "no caso em questão, uma criança de oito anos não tem discernimento e formação biopsicossocial para separar o que é realidade daquilo que é ficção. Isso sem contar com as eventuais manifestações de hostilidade que ela pode vir a sofrer por parte do público e não compreendê-las".

O Ministério Público recomenda ainda que o autor Manoel Carlos observe, na elaboração dos seus personagens menores de 18 anos, a harmonização entre o trabalho infantil artístico e a fixação de parâmetros que protejam minimamente o exercício das atividades.

Fonte:Yahoo!Brasil

4 de outubro de 2009

2 de outubro de 2009

Revista Sesc


A Revista Sesc: Toda criança merece ser feliz, está na sua 33º edição e neste mês trouxe como tema a criança. A revista aborda a violência e a criança, contém a agenda Sesc, tem entrevista com a advogada Leila Paiva, reportagem sobre bullying e muito mais, vale a pena conferir!

Gibi Turma da Mônica em: O Estatuto da Criança e do Adolescente



No Site do Promenino está disponível o Estatuto da Criança e do Adolescente em forma de Gibi da Turma da Mônica. Super divertido e com linguagem fácil e atraente para crianças e adolescentes lerem e ficarem informados sobre seus direitos.

Menos carros, menos poluição, mais saúde.


Seminário debate necessidade de informar a população sobre os impactos negativos do uso do automóvel

O mapa do Estado de São Paulo apresenta uma característica própria quando são analisados alguns dados relativos à saúde: as regiões mais poluídas são as mesmas em que acontecem mais mortes por doenças respiratórias e onde é maior o Índice de Desenvolvimento Humano. E isso não é mera coincidência. “Isso significa que o desenvolvimento urbano não está sendo sustentável”, afirmou Vera Lucia Allegro, gerente de Vigilância em Saúde Ambiental da Secretaria Municipal de Saúde, durante o seminário “O impacto da poluição na saúde pública”, realizado em São Paulo. O seminário foi uma das atividades do Dia Mundial sem Carro promovidas por um coletivo de organizações, entre elas o Instituto Akatu.

De acordo com estudos do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da USP, a poluição é a causa indireta de 20 mortes por dia somente na região metropolitana de São Paulo. O motivo é que os poluentes prejudicam principalmente as crianças e os idosos, além de agravar doenças cardíacas e respiratórias. E, em todo o mundo, as doenças cardiovasculares, como infartos e acidentes vasculares cerebrais, são a principal causa de morte e de internações hospitalares, como informou Antonio Carlos Chagas, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Automóveis, ônibus e caminhões são a principal fonte de poluição nas cidades. A situação só não é pior graças ao Proconve, o programa de controle de emissão de poluentes que está em vigor há duas décadas. “Entre 1995 e 2005, a redução da poluição poupou 15.000 mortes prematuras em São Paulo”, calcula Paulo Saldiva, coordenador do estudo sobre poluição da USP.

Motorizados, porém lentos.
Tantos veículos nas ruas, não apenas sujam o ar, mas provocam danos à saúde e não resolvem o problema da mobilidade urbana nem tornam mais fácil a vida das pessoas. “Atualmente, em São Paulo, a velocidade média dos automóveis é 9,7 km/h, enquanto uma pessoa a pé vai a 5 km/h”, disse Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu.

De fato, no 4º Desafio Intermodal, realizado na semana anterior ao Dia Mundial sem Carro, a bicicleta foi o meio de transporte mais rápido entre um bairro da Zona Sul de São Paulo e o centro da cidade, em meio ao trânsito pesado das seis da tarde. A bicicleta campeã cumpriu o trajeto em 22 minutos. O motorista de um automóvel ficou na 12ª colocação, gastando 82 minutos no percurso — mais do que os 71 minutos de quem foi de ônibus e só um pouco mais rápido do que a pessoa que foi a pé, que levou 92 minutos.

Para Helio Mattar, as pessoas dificilmente relacionam o uso do automóvel aos impactos que ele provoca, como o aquecimento global causado pela emissão de CO2 e as mortes decorrentes da poluição. “Por isso, é importante a educação para o consumo, mostrando às pessoas que todos somos afetados por nossas escolhas e que as atitudes de cada um de nós têm grande impacto”, ressaltou.

Se o consumidor tivesse mais consciência dos impactos negativos do uso do automóvel, poderia ao menos escolher aqueles que poluem menos — desde que tivesse informações para isso. Para o consumidor brasileiro, entretanto, obter essas informações é uma tarefa quase impossível, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).

Falta informação sobre emissão de poluentes.
A pesquisa, apresentada por Lisa Gunn, coordenadora executiva do Idec, buscou informações sobre eficiência energética (ou menor consumo), emissões de gases poluentes e emissões de gases de efeito estufa dos automóveis. Foram investigados todos os canais disponíveis ao consumidor: site das montadoras, SAC telefônico e online, manual do proprietário, concessionárias e material publicitário nos pontos de venda. Além disso, foram enviados questionários às montadoras presentes no Brasil: GM, Citroën, Fiat, Ford, Honda, Hyundai, Nissan, Peugeot, Renault, Toyota e Volkswagen.

O resultado mostrou que o consumidor tem pouquíssimas informações disponíveis sobre consumo de combustível e emissão de poluentes pelos automóveis. Nenhuma montadora apresenta essas informações no site, nem as divulga por meio do SAC. E nenhuma respondeu ao questionário enviado pelo Idec. Veja aqui o resultado completo da pesquisa.

“Dizemos que o consumidor tem de mudar seus hábitos de consumo, que ele tem de optar por comprar ou não um carro em função dos seus impactos sobre a saúde, mas ele não tem instrumentos para isso”, afirmou Lisa Gunn. “O desafio é: como se pode evoluir para levar ao consumidor essas três informações fundamentais?”

O seminário contou ainda com a presença de Eduardo Jorge (secretário municipal de Verde e Meio Ambiente de São Paulo), Alfred Swarc (da consultoria ADS Tecnologia e Desenvolvimento Sustentável), Claudio Alonso (da CETESB) e José Eduardo Ismael Lutti (promotor de Justiça do Meio Ambiente da Capital).

À mesa de debates, duas cadeiras vazias representavam os ausentes. Uma delas pertencia à Petrobras, que foi convidada, mas decidiu não enviar nenhum representante. A outra cabia às montadoras de veículos: Ford, GM, Mercedes-Benz, Volkswagen e Fiat declinaram os convites, e Scania e Volvo nem responderam.

Um ponto importante a favor da Fiat foi que, embora não estivesse presente ao seminário, enviou carta afirmando não apoiar o projeto de lei em debate no Senado para permitir que veículos leves tenham motores a diesel. Oded Grajew, do Movimento Nossa São Paulo, apontou que esta decisão do Senado seria desastrosa, pois “o diesel de muito má qualidade fornecido pela Petrobras estaria ainda mais presente como contaminante do ar nas grandes cidades”.

Fonte: Instituto Akatu
Por Fátima Cardoso